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"Der Hügel kocht": O livro de culinaria de Bayreuth!
Aí estão algumas receitas dos nossos amigos de Bayreuth! Mais que uns uns simples livros de receitas, é uma maneira de conhecer um pouco os gostos dos nossos amigos wagnerianos!
Certamente que nossa querida Waltraud esta presente também! Compartilhando a sua receita com “Bio-Schwein” (porco orgânico), costela do porco orgânico com legumes mediterrânicos e aspargos verde!
Não duvido que ela domine a cozinha assim como o palco, mas eu adoraria uma opção vegetariana! (Vegetariana ha 5 anos, prefiro os animais vivos! A minha sugestão: substituir o porco por salsichas de tofu defumado!)
De qualquer modo fico contente com a sua escolha pelos alimentos orgânicos!
Não conheço ainda o livro, mas creio que associar algumas receitas vegetarianas à Bayreuth seria interessante, dado que Richard Wagner considerava muito os animais.
Assim como escreveu numa carta intitulada: "Carta à Ernst Weber (contra a vivisecção)" em 1879:
“… Quando a sabedoria humana compreendeu que o animal e o homem são frutos do mesmo sopro criador, parecia demasiado tarde para desviar a maldição que atraimos sobre as nossas cabeças, colocando-nos ao nível de animais ferozes que consomem alimento animal: doenças e misérias de qualquer tipo às quais não se viam nos homens que viviam unicamente com base em uma dieta de origem vegetal. O reconhecimento que adquirimos fez-nos compreender a culpabilidade profunda da nossa existência terrestre: decidiu aos que foram convencidos daquilo deveriam renunciar à qualquer alimento que excita as paixões e a abster-se de qualquer alimento animal. São a estes sábios aos quais revelou-se o mistério do mundo como um incessante movimento de liberação que so podia ser libertado para voltar à unidade sã e tranquila através da piedade. Unicamente a piedade que sentia por todo ser que respira, daria a liberdade ao sábio da metamorfose incessante de todas as existências penosas pelas quais deve passar até chegar a redenção definitiva..."
Clique na fotografia para saber mais a propósito do livro. (em alemão)
Tristan und Isolde no Opera de Paris
“Nur eine Stunde, nur eine Stunde...” (apenas mais uma hora, apenas mais uma hora...) , uso essa frase de Isolde para expressar o que eu gostaria deste concerto do dia 13/11/2008 com a divina Waltraud Meier no papel de Isolde! Que experiência incrível!
Alias concerto que contou com um seleto grupo de cantores onde destaco também Clifton Forbis, no papel de Tristan; Franz Josef Selig, como Rei Marke; Alexander Marco-Buhrmester, como Kurvenal e Ekaterina Gubanova, como Brangäne.
A própria concepção da montagem e movimentação em cena parece deixar Isolde “livre” no palco, pronta a viver seus limites. A força, não só de caráter mas de espírito que tem Isolde naturalmente, só vejo e sinto claramente quando é Waltraud Meier que a “vive” em cena.
Digo “viver” pois não acredito (ao menos não consigo perceber) que Waltraud interprete algum personagem, principalmente quando falamos de Isolde e Kundry especificamente.
É dificil explicar o que seria esse “viver o personagem”,é claro que nada tem a ver com sua vida particular; simplesmente é como que, ao entrar em cena, ela se entregasse totalmente ao personagem, ao arquétipo do personagem, que vai dar a beleza de nuances, de sensações, onde ela simplesmente coloca-se da maneira mais humilde e sincera, como uma servidora desse arquétipo, tendo aí o mérito de mergulhar nos mais profundos mistérios desse personagem e ai sim; nao vivê-lo, mas proporcionar-lhe a vida, trazendo o fruto dessa experiência, esse mar de sensações e emoções para o deleite do publico.
Assim como “ao beber” dessa fonte arquetípica, se podemos assim chamá-la, ela tem também a virtude de captar a energia do momento de cada apresentação, que vai desde captar as idéias do diretor, do responsavel pelo cenario, do publico, enfin, todos os elementos que formam uma apresentação, o que a faz uma pessoa única, que sempre proporciona um impacto único e diferente ao público.
Bom, é ousado de minha parte querer colocar em palavras um processo tão especial, até mesmo sagrado, como esse, mas enfin, vale a pena filosofar a respeito do que é o “entrar em contato com a obra de arte”.
E neste concerto, a sua forma de narrar o momento que Tristan à olha nos olhos, afirmando a união entre suas almas, sua determinação para morrer junto com Tristan , sua invocação da noite libertadora, até o sagrado momento da morte de amor é uma experiência que talvez poucas cantoras consigam transmitir como Waltraud!
Quanto a montagem de Peter Sellars é fácil explicar: palco vazio, tudo preto e escuro, com um pequeno palco quadrado no meio que mudava de posição em cada ato. Figurino dos cantores: preto e tons cinzas. E além de “tudo” isso um telão enorme. Sim, um video foi exibido durante toda a peça, trazendo imagens do mar, de um casal, do fogo, da agua, da natureza, contextualizando-se (na medida do possível) com a música. Esse video é do Bill Viola. O video traz idéias interessantes, apesar de algumas imagens muito “concretas”, porém para se fazer um filme, e não uma montagem no teatro! O telão gigantesco impedia consideravelmente o contato do publico com os artistas, muitas vezes mal dava para vê-los (digo isso pois estava assistindo da quinta fileira central da platéia!). Porém temos cantores no palco! Temos Waltraud Meier e um grande elenco para colocá-los à cantar no escuro, com um telão ao fundo?!!! Sinceramente não entendo! Talvez o problema seja comigo, mas enfin, vou ao teatro pra ouvir e VER os cantores! Por favor diretores, respeitem isso!
Mas como disse, graças a esses cantores, mesmo no escuro, tivemos uma experiência incrível!
Parsifal x Kundry: uma relação que leva do "puro, tolo" ao Iniciado
1° ) Desde o começo da peça , a primeira vez que Kundry entra em cena , podemos perceber uma forte variação orquestral, uma “tensão” musical, como que representando um incômodo aos cavaleiros de Mont Salvat, como mostra o video abaixo.
Tensão que ocorre também quando Parsifal entra em cena, após matar o cisne.
Parsifal matou o cisne. Porém a sequência da cena nos mostra que Parsifal precisa passar pela prova de auto controle e tornar-se um Iniciado, pois nos revela uma série de indícios fazendo alusão aos 4 elementos:
Quando Kundry diz a Parsifal que sua mãe esta morta, ele tenta machucá-la, jogando-a no chão (chão em francês, “parterre”), indicando o elemento terra. Quando Gurnemaz o afasta ele se sente sufocado, sentindo falta de ar: elemento ar. Kundry, mesmo tendo sido atacada por Parsifal, piedosamente vai buscar água para ajudá-lo: elemento água. Faltando o elemento fogo: a paixão que Parsifal sentirá por Kundry no segundo ato.
3°) Ainda analisando o fato de Parsifal ter matado o cisne, um terrivel crime nas terras de Mont Salvat, que foi justamente Kundry que nos disse um pouco antes, quando é tratada como um animal:
Sind die Tiere hier nicht helig?
Os animais não são sagrados aqui?
4°) Mesmo Gurnemaz compara Parsifal a Kundry, quando questiona Parsifal sobre suas origens e ele não sabe responder. Gurnemaz diz:
So dumm wie den
Alguém de estupidez proporcional à dele,
erfand bisher ich Kundry nur!
até hoje só achei Kundry!
E esta relação entre Parsifal e Kundry, que vai aos seus limites no segundo ato, vai até o fim, onde Kundry, após ter conduzido Parsifal ao caminho do conhecimento em todos os níveis, morre. E Parsifal vive. Morte e Vida que representam a magia que impera no milagre da eternidade.
Idéais vindas da natureza
Ja imagino essa arvore como a "Yggdrasil" no meio da casa de Hunding e Sieglinde!
Construindo a "casa" em volta e colocando a espada Nothung enfincada , pronto, ja temos o cenario para o primeiro ato de "Die Walküre"!
Que tal a "gruta" que forma essa arvore para o cenario do segundo ato de "Tristan und Isolde"?
Consigo até para imaginar as folhas caindo na medida que avança a noite, representando uma mudança, seja de estação (do outono para o inverno), seja de turno do dia para noite, seja da paixão para o amor, seja da vida para a morte...
Onde os acordos e tratados são talhados de tal forma que chegam à emitir luz?
O Misticismo que une Tristan e Isolde
(Clique aqui para ver este trecho da opera. Começa a partir dos 5 minutos do video)
Quatro que significa também o magnífico quaternário mágico do CALAR-SE, SABER, PODER e OUSAR, que é um método prático para aqueles que querem trilhar um caminho espiritual de auto conhecimento; e que deixa clara a união mística que buscam os nossos amantes.
heisst mich schweigen:
fass' ich, was sie verschwieg,
verschweig ich, was sie nicht fasst.
Isolde sabe o que quer, mais do que a reconciliação ela quer a quebra do convencionalismo. Todos os tipos de experiências e sentimentos que ela viveu em relação à Tristan trouxe a ela a revelação de que não se há espaço para o verdadeiro Amor dentro de estruturas impostas pela sociedade, que ela esclarecerá à Tristan mostrando à ele como ambos estão vivendo nesse mundo de aparência.
Encontraremos a resposta no próprio libreto:
So stürben wir, | Assim nós morreremos, |
um ungetrennt, | para não sermos mais separados, |
ewig einig | eternamente unidos, |
ohne End', | sem fim, |
ohn' Erwachen, | sem acordar, |
ohn' Erbangen, | sem medo, |
namenlos | sem nome, |
in Lieb' umfangen, | encontrando-se no amor, |
ganz uns selbst gegeben, | dados inteiramente um ao outro, |
der Liebe nur zu leben ! | para viver somente pelo amor ! |
E deixemos que a musica fale por si mesma:
A alquimia do Preludio de "Tristan und Isolde"
Em "Tristan und Isolde" não é diferente. A harmonia entre os leitmotivs nos transmete 4 idéias gerais:
AMOR - OLHAR / MORTE - DESEJO
O OLHAR que fez surgir o AMOR, e o DESEJO que leva à MORTE. Assim como Parsifal falaria à Tristan: "A fonte do mal, da infelicidade, esta nos desejos do mundo, é preciso beber de outras fontes...".
Porém como pode o olhar que desvenda os mistérios da alma, que conduz ao amor, ser maculado pelo desejo, que leva à morte?
Mais uma vez a Astrologia nos aponta um caminho interessante. Nesta relação temos os 4 signos fixos: Touro, Leão, Escorpião e Aquario, conforme nos mostra a figura abaixo:
Sabemos que onde ha luz ha também sombra, e quanto maior a luz, maior a sombra. A sombra do Amor é a paixão, que porta em si o desejo, onde os amantes apos beberem o filtro (que nada mais é que do que a quebra do convencionalismo) traz essa paixão à tona.
Porém esse amor porta em si uma inocência dada que deve ser transformada em uma pureza conquistada, ou seja, precisa da experiência da paixão que vai trazer o conhecimento, é o amor que envolto na paixão vai buscar a transmutação dessa paixão conquistando não mais a inocência, mas sim a pureza do amor, rica em sabedoria.
Essa experiência de amor e morte é também simbolizada pelos filtros, pela troca dos filtros, que, enquanto essência, filtro de amor e morte são os mesmos, pois so representam a quebra com as convenções impostas pela sociedade.
Assim como Parsifal precisa de Kundry, pois o inocente simplesmente "não sabe", mas o puro "conhece" e aprende a renunciar.
West Eastern Divan Orchestre, Daniel Barenboim e Waltraud Meier
Este foi mais um maravilhoso concerto que a nossa querida Waltraud Meier juntamente com os cantores René Pape, Simon O'Neill e com a West Eastern Divan orquestra, sob a direção de Daniel Barenboim, nos proporcionou.
Esta orquestra, que conta com estudantes de música de países tidos como inimigos políticos, como a Síria, Líbano, Egito, Jordânia, Tunísia e Israel, é o grande projeto do maestro Daniel Barenboim (argentino, de descendência judaica) e o filósofo e professor da Universidade de Columbia, Edward Said (de origem palestina), que faleceu em 2003. Uma oportunidade para que jovens músicos do Oriente Médio pudessem combinar estudos musicais com diálogos sobre a sempre tensa situação entre Israelenses e Palestinos.
Este foi um grande momento para esta incrivel orquestra. No final do concerto, Daniel Barenboim, apos cumprimentar todos os musicos da orquestra, dirigiu-se para publico da Salle Pleyel dizendo: "Ajudem-nos!" Como que um apelo, Daniel Barenboim pede à seu publico um apoio para que este projeto possa vencer as barreiras impostas pelos paises de origem dos musicos que formam a orquestra, completando que o objetivo é que esta orquestra possa se apresentar livremente em todo Oriente Médio e que seja uma representação de uma mensagem de paz e de uma possibilidade de dialogo entre esses povos, quebrando a barreira da ignorância cultural que existe em certos paises.
Mais do que um concerto especial, vivemos uma experiência espiritual e musical unica, onde a musica realmente torna-se a linguagem universal e onde a voz do coração torna-se a verdadeira razão!
Muito obrigada à todos por essa noite inesquecivel!
(Assista outros videos deste concerto clicando aqui.)
obs: uma foto do publico, onde apareço junto com meu marido! que privilégio!
Waltraud Meier como Isolde no Scala de Milão/2007
Estou realmente contente de ter encontrado este seu pequeno "portrait" no canal de televisão ARTE à respeito da produção de "Tristan und Isolde" no Scala de Milão em 2007.
A sua sensibilidade e devoção com as obras wagnerianas é realmente algo emocionante, e que podemos sentir na sua voz, na sua presença de palco, na sua emoção, na sua "vivência" do personagem! Infelizmente eu não estava presente pessoalmente em Milão, mas em outras oportunidades que pude compartilhar de um momento em uma mesmo ambiente com você, não posso negar que tive a alma tocada!
Compartilho com todos o link para o video no canal Arte.
Cliquem aqui! (ou sobre a imagem acima)
Meus sinceros agradecimentos ao canal ARTE.
Sieglinde/Sigmund x Brünhilde/Siegfried
KUNDRY : vilã ou heroína?
Relação completa entre os personagens de "Tristan e Isolde"
Ele é também o signo de Capricórnio com sua regência Saturnina, o qual falaremos mais adiante.
No eixo de Áries e Libra temos signos cardinais, são os que iniciam, a base, os princípios. No eixo Touro e Escorpião temos os signos fixos, onde a história acontece, a carga pesada e mal resolvida que busca uma solução, e no eixo de Gêmeos e Sagitário, signos mutáveis, temos os que ajudam a sustentar a trama, os que dão as chaves, os apoios, os que fazem circular a energia, que dão movimento na busca para uma resolução.
De qualquer forma Tristan e Isolde não buscam a morte física, buscam esse mundo mágico do Reino da Noite, que escapa da relação entre tempo e espaço. Peixes, o reino da noite, regido pelo místico e transcendente planeta Netuno, vai ter seu oposto complementar em Virgem, o reino do dia, regido por mercúrio (assim como gêmeos) que transita nos mais diferentes níveis para que tenhamos o ordinário servindo como a base para o extraordinário acontecer.