Vão-se, em maio, as tormentas do inverno;
in mildem Lichte
em meiga luz
leuchtet der Lenz;
fulgura a Primavera;
auf lauen Lüften
pelos ares temperados,
lind und lieblich,
amenos e meigos,
Wunder webend
operando seus milagres,
er sich wiegt:
ela se move:
durch Wald und Auen
por florestas e prados,
weht sein Atem,
sopra o seu fôlego;
weit geöffnet
amplamente abertos,
lacht sein Aug’.
seus olhos sorriem.
Aus sel’ger Vöglein Sange
No gorjeio feliz do pássaro,
süß er tönt,
docemente ela ressoa;
holde Düfte
adoráveis fragrâncias
haucht er aus:
exala pelos espaços:
seinem warmen Blut entblühen
seu cálido sangue floresce
wonnige Blumen,
deleitosas flores;
Keim und Sproß entspringt seiner Kraft.
seu alento desabrocha gérmens e rebentos.
Mit zarter Waffen Zier
Com a beleza de tenras armas
bezwingt er die Welt;
ela domina o Mundo;
Winter und Sturm wichen der starken Wehr:
vão-se as fortes defesas do inverno e da tormenta:
Wohl mußte den tapfern Streichen
A esses intrépidos ventos, bem devem
die strenge Türe auch weichen,
ceder também as fortes portas;
die trotzig und starr
eles, obstinados e rijos,
uns - trennte von ihm.
apartam-nos dela.
Zu seiner Schwester
Por seu irmão
schwang er sich her;
moveu-se ela para cá;
die Liebe lockte den Lenz:
o amor cortejou a primavera:
in unsrem Busen
em nosso peito
barg sie sich tief;
alojaram-se, ao fundo,
nun lacht sie selig dem Licht.
e agora riem-se, felizes, à luz.
Die bräutliche Schwester
Ao irmão noivo
befreite der Bruder;
a irmã liberta;
zertrümmert liegt, was sie je getrennt;
cai por terra o que esteve a separá-los;
jauchzend grüßt sich
exultante, saúda-se
das junge Paar:
o jovem par:
vereint sind Liebe und Lenz!
unidos estão Amor e Primavera!"
...é incrivel como a poesia desse trecho do libreto do primeiro ato de "As Valquirias" ja fala por si só!
Guardemos essa magia da poesia, mas aprofundemos em algumas mensagens místicas que essa ária incrivel vem nos mostrar.
Recapitulando brevemente, estamos na "segunda noite" da tetralogia de "O anel do Nibelungo", na ópera "As Valquirias" . Primeiramente, vimos que Wotan, o Deus que não consegue ser livre dos seus próprios acordos e tratados, criou os "Walsungs", raça formada da mistura de deuses com humanos, onde ali teria colocado sua esperança de liberdade. Tal esperança existe até o momento que Wotan é confrontado por Fricka, espírito do convencionalismo, que lhe mostra que ele que criou Siegmund, logo, ele é condicionado as vontades de Wotan, ou seja, Siegmund tambem não é livre...
Siegmund precisa romper sua ligação, seu "cordão umbilical" com Wotan para poder conquistar sua liberdade, desde que seja por sua própria vontade. Isso acontece quando ele conhece Sieglinde, sua alma-irmã, sua "Eva", aquele algo que ele sempre buscou e que na verdade faz parte dele.
Aqui é interessante conhecermos os estudos de Annick de Souzenelle, que diz que "Eva" foi atribuida ao conceito de mulher, enquanto divisão dos sexos; porém assim como o nome Eva (em hebreu Ishah) significa costela, significa também lado. Eva foi "feita" do "lado" de Adão, porém sendo ela mesma uma representação do outro lado de Adão, sendo o lado feminino dos pólos feminino e masculino do ser humano. Partindo desse principio, buscar a "alma gêmea", simbolicamente, representa primeiramente uma união em si mesmo para nos tornarmos seres completos.
Sieglinde e Siegmund são irmão gêmeos. Eles cresceram separados e agora estão prontos para esse rencontro, essa união em si mesmos, onde, só depois de tornarem-se este “Ser completo” podem gerar um outro ser, também completo; esse sim, livre. Assim temos Siegfried.
Essa união acontece em uma noite muito especial, no momento do Equinocio da Primavera que se dá justamente no início da Primavera (no hemisfério norte), momento que o sol cruza o equador e começa a ascender no hemisfério norte, que a duração do dia e da noite são iguais, de 12 horas (equilibrio entre dia e noite, entre luz e sombra). Neste momento o Sol deixa o aquoso signo de Peixes, que é também feminino e dócil, pelo marcial vigoroso e ígneo signo de Áries, o carneiro ou cordeiro, onde é exaltado em poder. É o momento onde a terra revigora-se, a natureza ganha seu verde, os animais procriam e os seres humanos podem desfrutar de uma energia incrível.
Momento propício para grandes seres incarnarem e realizarem um trabalho de eleveção vibratória na Terra, momento da concepção do nosso herói Siegfried, aquele que através da vitoria ganha a paz, que traz as carateristicas dos signos de Peixes e Áries, que será também o cordeiro sacrificial que libertará os deuses e proporcionará um novo recomeço.
Finalizemos com o poesia que responde Sieglinde, falando desse casamento mistico.
Guardemos essa magia da poesia, mas aprofundemos em algumas mensagens místicas que essa ária incrivel vem nos mostrar.
Recapitulando brevemente, estamos na "segunda noite" da tetralogia de "O anel do Nibelungo", na ópera "As Valquirias" . Primeiramente, vimos que Wotan, o Deus que não consegue ser livre dos seus próprios acordos e tratados, criou os "Walsungs", raça formada da mistura de deuses com humanos, onde ali teria colocado sua esperança de liberdade. Tal esperança existe até o momento que Wotan é confrontado por Fricka, espírito do convencionalismo, que lhe mostra que ele que criou Siegmund, logo, ele é condicionado as vontades de Wotan, ou seja, Siegmund tambem não é livre...
Siegmund precisa romper sua ligação, seu "cordão umbilical" com Wotan para poder conquistar sua liberdade, desde que seja por sua própria vontade. Isso acontece quando ele conhece Sieglinde, sua alma-irmã, sua "Eva", aquele algo que ele sempre buscou e que na verdade faz parte dele.
Aqui é interessante conhecermos os estudos de Annick de Souzenelle, que diz que "Eva" foi atribuida ao conceito de mulher, enquanto divisão dos sexos; porém assim como o nome Eva (em hebreu Ishah) significa costela, significa também lado. Eva foi "feita" do "lado" de Adão, porém sendo ela mesma uma representação do outro lado de Adão, sendo o lado feminino dos pólos feminino e masculino do ser humano. Partindo desse principio, buscar a "alma gêmea", simbolicamente, representa primeiramente uma união em si mesmo para nos tornarmos seres completos.
Sieglinde e Siegmund são irmão gêmeos. Eles cresceram separados e agora estão prontos para esse rencontro, essa união em si mesmos, onde, só depois de tornarem-se este “Ser completo” podem gerar um outro ser, também completo; esse sim, livre. Assim temos Siegfried.
Essa união acontece em uma noite muito especial, no momento do Equinocio da Primavera que se dá justamente no início da Primavera (no hemisfério norte), momento que o sol cruza o equador e começa a ascender no hemisfério norte, que a duração do dia e da noite são iguais, de 12 horas (equilibrio entre dia e noite, entre luz e sombra). Neste momento o Sol deixa o aquoso signo de Peixes, que é também feminino e dócil, pelo marcial vigoroso e ígneo signo de Áries, o carneiro ou cordeiro, onde é exaltado em poder. É o momento onde a terra revigora-se, a natureza ganha seu verde, os animais procriam e os seres humanos podem desfrutar de uma energia incrível.
Momento propício para grandes seres incarnarem e realizarem um trabalho de eleveção vibratória na Terra, momento da concepção do nosso herói Siegfried, aquele que através da vitoria ganha a paz, que traz as carateristicas dos signos de Peixes e Áries, que será também o cordeiro sacrificial que libertará os deuses e proporcionará um novo recomeço.
Finalizemos com o poesia que responde Sieglinde, falando desse casamento mistico.
"Du bist der Lenz,
Tu és a Primavera,
nach dem ich verlangte
por quem ansiei
in frostigen Winters Frist.
no frígido tempo do inverno.
Dich grüßte mein Herz
Saudou-te o meu coração,
mit heiligen Grau’n,
com temor sacral,
als dein Blick zuerst mir erblühte.
quando teu olhar pela primeira vez me despertou. Fremdes nur sah ich von je,
Só estranhos antes eu via,
freundlos war mir das Nahe;
envolta por uma cercania sem amigos;
als hätt’ ich nie es gekannt,
como formas que eu jamais conhecera,
war, was immer mir kam.
era tudo o que me sempre vinha.
Doch dich kannt’ ich
Mas a ti eu identifiquei
deutlich und klar:
com nitidez e clareza:
als mein Auge dich sah,
assim que meus olhos te viram,
warst du mein Eigen;
te tornaste meu;
was im Busen ich barg,
o que eu guardava no peito,
was ich bin,
o que eu sou,
hell wie der Tag
claro como o dia
taucht’ es mir auf,
emergiu de mim,
wie tönender Schall
qual sonante eco
schlug’s an mein Ohr,
batendo em meus ouvidos,
als in frostig öder Fremde
quando, em meio à fria e deserta estranheza,
zuerst ich den Freund ersah.
vi pela primeira vez o amigo."
(meus especiais agradecimentos ao site "Wagner em portugues", pela bela tradução do libreto)
¡Hola Glauce!, gracias por poner el texto en portugués del que es posiblemente el dúo de amor más bello de la ópera. Este fragmento inspiró a toda una generación de jóvenes escritores españoles, entre ellos Blasco Ibañez , para remodelar el panorama literario español optando por unos textos más sinceros y realistas, en los que la naturaleza obraba sobre el caracter de los personajes como parte esencial del cosmos. Las fotos son divinas y Waltraud,como siempre, bordó su papel. Aunque el texto dice anónimo ya sabes que soy Susana, un beso muy fuerte.
RépondreSupprimerA poesia desse trecho é realmente incrivel, pois pode ser lida da forma mais simples e pura possivel, e claro, buscando (e encontrando) varios elementos misticos nas entrelinhas... para mim, isso é Richard Wagner!
RépondreSupprimerOi Glau, nada como o Sol em Touro para concretizar os pensamentos e ensinamentos que recebemos do Tio Wagner. Ótimo trabalho. Obrigada
RépondreSupprimerpois é, manter-se em sintonia com o Cosmos é sempre o melhor caminho rumo ao bom, ao belo e ao verdadeiro...
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